Atlanta broke down all the walls in my head // Atlanta quebrou todas as paredes da minha cabeça

When I started hearing about Atlanta it was because some people said that "if you liked Twin Peaks you might like Atlanta" and at the height of my stupid whiteness I thought: how can a series about rap/hip-hop look like Twin Peaks? What a surprise it was to see so much of Lynch in such an unpretentious series about the life of an aspiring manager of a local rapper (who happens to be his cousin), or rather, to see someone using fantastic realism (and even surrealism) in a much more "in touch" and connected way than David Lynch himself! With each passing episode I felt more and more attached to the genius mind of Donald Glover, the man responsible for directing and creating the series (as well as the other great directors involved), the series is anything but predictable.

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I had only seen the two seasons available on Netflix and always insisted my partner and I watch them together so she could get to know them. When I finally went to show it to her, I was surprised to see that another season had been released and then I found out that another had just been released (but it's still not available online - at least in Brazil). Reviewing the first two seasons (and seeing the third for the first time) I had the clear realization that not only had Donald Glover surpassed Lynch and brought light to a plethora of racial issues that warp our society to the point of cracking it, but that he had done something that until then was unheard of for me, immersing himself in a reality characteristic of David Foster Wallace's literature (without that ever being his intention), especially in relation to the kind of absurdity that governs the author's thousand-plus page novel Infinite Jest.

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Not satisfied with Atlanta's brutal impact from these angles, it's clear in the third season that Glover, whether on purpose or not, has succeeded immensely in flirting with the crackling dystopia in episodes that are infinitely superior to the last few seasons of Black Mirror, with the only difference being the deliberately exaggerated and intense focus on blacks versus whites, like a portrait of reinforced colors to bring more light to social issues that are often treated with warm cloths, without the proper intensity. Many may think that Glover has overdone it this season, but I just think that more and more he has embraced expansive and intense creativity, allowing himself all kinds of madness and metaphors, semiotics and fantastic reality dystopias. I'm looking forward to the fourth season, but I'm deliberately waiting a bit longer to digest the third before going into it.

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Quando comecei a ouvir falar sobre Atlanta foi por que algumas pessoas diziam que "se você gostou de Twin Peaks você pode gostar de Atlanta" e no auge da minha branquitude estúpida eu pensei: -como uma série sobre o rap/hip-hop pode parecer com Twin Peaks? Qual foi minha surpresa ao ver muito de Lynch naquela série tão despretensiosa sobre a vida de um aspirante a gerente de um rapper local (que é seu primo), ou melhor, ao ver uma pessoa utilizando do realismo fantástico (e até do surrealismo) de forma muito mais "antenada" e conectada que o próprio David Lynch! Cada episódio que passava eu sentia mais e mais apego pela mente genial de Donald Glover, o responsável pela direção e criação da série (além de outros ótimos diretores envolvidos), a série é tudo menos previsível.

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Eu havia visto apenas as duas temporadas disponíveis no Netflix e sempre insistia com minha parceira para assistirmos juntos para ela conhecer. Quando finalmente fui mostrar para ela tive a surpresa de ver que mais uma temporada havia saído e depois descobri que outra acabara de ser lançada (mas ainda não está disponível online - ao menos no Brasil). Rever as duas primeiras temporadas (e ver pela primeira vez a terceira) tive a percepção clara que não só Donald Glover superou Lynch e trouxe luz a uma pletora de questões de raça que envergam nossa sociedade a ponto de racha-la, mas que fez algo que até então era inédito para mim, a imersão numa realidade característica da literatura de David Foster Wallace (sem jamais ser essa sua intenção), principalmente em relação ao tipo de absurdo que rege o romance de mais de mil páginas Graça Infinita do autor.

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Não satisfeito com o brutal impacto de Atlanta nesses ângulos, fica claro na terceira temporada que Glover propositalmente ou não conseguiu um êxito imenso em flertar com a distopia crepitante em episódios que são infinitamente superiores as últimas temporadas de Black Mirror, com o único diferencial do foco propositalmente exagerado e intenso em relação aos negros versus brancos, como um retrato de cores reforçadas para trazer mais luz a questões sociais que muitas vezes são tratadas com panos quentes, sem a devida intensidade. Muitos podem achar que Glover exagerou na dose nessa temporada, mas acho apenas que mais e mais ele abraçou a criatividade expansiva e intensa, permitindo-se todo tipo de loucura e metáforas, semióticas e distopias de realidade fantástica. Estou ansioso pela quarta temporada mas propositalmente estou esperando um pouco mais a digestão dessa terceira antes de ir pra ela.

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